1) Manifesto “O Cuidado no Centro” - Fundo de Acción Urgente
Uma das organizações referências no debate para a América Latina e para o mundo o Fondo de Acción Urgente (FAU) produziu o manifesto a partir de uma série de diálogos e trocas. No texto elas apontam o cuidado como “um processo contínuo, por meio do qual estamos sempre nos desenvolvendo e aprendendo, especialmente nessa nossa realidade tão dinâmica e complexa”.
Segundo o manifesto, “Esse processo nos permitiu aprender a fazer pausas diante de urgências, a fazer do cuidado nosso compromisso ético-político e a apoiar a sustentabilidade dos movimentos e das ativistas. Ele nos permitiu mudar nossa cultura organizacional e assumir um compromisso com a construção e a responsabilidade coletiva do cuidado. E, nestes tempos de crise, acompanhar nossas companheiras em seus territórios.”
2) Livro “Que sentido tem a revolução se não podemos dançar?” (2006) - Fundo de Acción Urgente
Também publicado pelo Fondo de Acción Urgente, o livro propôs a criação de um programa específico de Ativismo Sustentável, promovendo espaços de reflexão e fortalecimento de capacidades e potencialidades, buscando construir uma cultura de prevenção que transformem as práticas das ativistas em condições de bem estar, saúde física e emocional. Segundo as leituras, a concepção do cuidado de si e coletivo para FAU são inseparáveis tratando o corpo-território, corpo físico e corpo-virtual como partes indivisíveis deste cuidado.
3) Artigo “Re-pensando proteção, autocuidado e segurança de mulheres defensoras de direitos humanos a partir da perspectiva feminista e de mulheres negras” - Themis
Neste artigo aprendemos que esse cuidado deve ser uma rotina, e que passa pelas dimensões internas/externas e individuais/coletivas. O artigo traz uma série de pensamentos e reflexões sobre o autocuidado, posicionando-o como “O desafio de “ousar” cuidar de si sem abrir mão do coletivo” e aborda também os passos que foram dados no início do século XXI como por exemplo:
- A formulação do conceito “Justiça da Cura” usada por ativistas norte-americanas em 2006 para identificar como podemos holisticamente responder e intervir sobre traumas e violências geracionais, apresentando práticas individuais e coletivas que podem transformar a opressão em nossos corpos e vidas coletivamente.
- E a publicação organizada por Jurema Werneck “O Livro da Saúde das Mulheres Negras” (2000), onde a médica e ativista pauta o comprometimento com a vida por conta dos danos causados pela escravidão, devido as diferenças culturais da diáspora, a violência sexual, a violência psicológica e física, a perda dos filhos entre outras situações vivenciadas pelas mulheres negras, apontando a necessidade de que as Mulheres Negras falem de seu lugar sobre saúde pela ótica do autocuidado.
4) Artigo “Desmantelando o Racismo: um guia para grupos de transformação social” - Kenneth Jones e Tema Okun (2001)
No texto encontramos um debate sobre a importância de não reproduzirmos os hábitos da cultura supremacista branca dentro das instituições. O texto lista 15 hábitos que vão do perfeccionismo, ao senso de urgência, à objetividade e ao pensamento binário, que estão profundamente enraizados nas nossas mentes e propõem antídotos para a desintoxicação desses hábitos. O texto nos provocou muito a ponto de termos decidido trabalhar na tradução completa do documento que pode ser acessada nesse link.
5) Astrologia
Olhando para os aprendizados da astrologia, lembramos que somos seres únicos, individuais e que no nosso percurso da vida reagimos de formas diferentes. E que é importante encontrar os equilíbrios nos diferentes aspectos pessoais, emocionais, familiares, educacionais, afetivos e profissionais que regem as nossas vidas.
Quando temos uma questão emocional desordenada, qualquer coisa que mexa com a gente pode levar a desordem, e isso pode levar a doenças psicossomáticas, infertilidade existencial, procrastinação, dificuldade de terminar o que começa, dificuldade de auto reconhecimento.
Ao mesmo tempo, a rigidez sem acolhimento também é um desafio, quando estamos muito ligadas ao aspecto do trabalho acabamos olhando pras coisas de forma muito rígida, olhando pro futuro mas sem sentido interior, com uma energia mais densa, desconexão com a criatividade, exaustão por querer controlar tudo, insatisfação crônica, não perceber a hora de parar.
6) Essencialismo
Do essencialismo lembramos que poucas coisas são essenciais e a maioria é ruído. Que precisamos resgatar a famosa filosofia do “menos é mais”, nos perguntar se estamos investindo nas atividades importantes. Organizar nossas rotina com aquilo que é prioridade e que isso inclui ressignificar o “não”. Lembramos da importância de definir as prioridades da semana e realizar práticas como o rastreio de hábitos.
7) Outras Referências
De referências internacionais colhemos algumas ideias como uma metodologia de acompanhamento psicossocial para ativistas que trabalham com Direitos Humanos no México, e conhecemos conceitos como o Burnout do Engajamento Contínuo e a Fadiga da Compaixão, que são nomeados como fenômenos presentes em ativistas de projetos na Índia de combate a violência de gênero.
Colhemos também referências de organizações como a CFEMEA, a FRIDA Fund, Human Rights Resilience, Raising Voices e Moblab.